História AOA

Fabio Quio Takao / fotos gentilmente cedidas por Octavio de Almeida Junior
                 O Jiu Jitsu Gracie foi desenvolvido e sedimentado pela família Gracie desde a década de 40 no Rio de Janeiro. Devido a diversos fatores, até os anos 60, essa arte ficou restrita basicamente ao Rio de Janeiro apenas a família e alunos que podiam pagar pelas mensalidades relativamente caras. Além disso, diversas outras artes marciais começaram a se expandir no Brasil, especialmente o Judô na década de 60/70 e o Karatê na década de 80.
 
Octavio de Almeida na década de 50 

 
                Apesar de todos esses obstáculos, o Jiu Jitsu Gracie teve em São Paulo um importante núcleo iniciado por George Gracie e seus alunos. Um dos mais importantes foi Octávio de Almeida, pai do atual presidente da Federação Paulista de Jiu Jitsu, Octávio de Almeida Junior.
              A história desse mestre teve início na capital paulista onde nasceu em 02 de Novembro de 1917. São Paulo foi uma das cidades que atraiu um grande número de imigrantes japoneses e dentre eles diversos praticantes do Judô.   Um dos mais importantes pioneiros do Judô foi Yassuitchi Ono e seu irmão mais novo Naotchi Ono, ambos inclusive rivais da família Gracie.
              Octávio de Almeida começou praticando Judô com Sensei Yassuitchi Ono até graduar-se faixa preta. Algum tempo depois, Octávio conheceu o George Gracie que veio divulgar o Jiu Jitsu em São Paulo e começa a treinar exatamente no dia 06 de Janeiro de 1950.
              É importante frisar que até a década de 50, o Judô praticado dava também muita ênfase ao NeWaza(técnicas de solo) e portanto, era muito parecido com o Jiu Jitsu praticado pela família Gracie. Até mesmo a nomeclatura usada era a mesma e os irmãos Ono ainda usavam o termo Jiu Jitsu. Muitos países tambem usavam a designação “Jiu Jitsu de Kano”  e a separação definitiva entre as duas modalidades demorou a ocorrer.
              Essa familiaridade com o Judô “tradicional” fez com que Octávio de Almeida passasse rapidamente a ser o aluno mais graduado de George Gracie.  Por volta de 1951, Octávio de Almeida já era um dos instrutores de confiança de George Gracie e a Academia localizada na Rua Maria Marcolina nº 53 no centro de São Paulo já atraía muitos alunos buscando aprender Defesa Pessoal e o Jiu Jitsu Gracie. 
 
Yassuitchi Ono (esq.): primeiro professor de Octavio de Almeida 
 
                   Foi justamente nessa época que George Gracie resolveu deixar São Paulo para dar continuidade as suas costumeiras andanças. O temperamento imprevisível de George espantava até mesmo seus amigos mais próximos e o modo como partiu deixa isso claro. A princípio, George viajou sem avisar e após alguns dias liga comunicando que não iria mais retornar. Os alunos ficam perplexos e pedem a Octávio de Almeida que assuma os alunos. George aprova a solicitação e a partir disso Octávio dá início a sua brilhante carreira de professor de Jiu Jitsu.
                Durante algum tempo Otavio ainda mantinha o nome: ”Academia de Jiu Jitsu e Defesa Pessoal George Gracie do Prof. Octávio de Almeida” com o aval de George, que chegou a voltar apenas de passagem dois anos após sua partida.
 Após 10 anos na Rua Maria Marcolina, decide mudar sua academia para Rua Augusta nº 1928 já com o nome “Academia Octávio de Almeida de Jiu Jitsu e Defesa Pessoal”.  Após algum tempo muda-se novamente para Rua da Consolação nº 2416 onde permanece 14 anos e depois para Rua Lisboa onde permaneceu quase 30 anos.
                A importância de Octávio de Almeida foi crucial para o desenvolvimento do Jiu Jitsu paulista, pois nas décadas de 50 e 60 a cidade só contava com a presença dos professores Gastão Gracie e Pedro Hemetério que adotavam o sistema de aulas individuais característico da Academia Gracie do Rio de Janeiro. 
 
Octavio de Almeida no auge da forma física. 
 
As inovações
                A Academia de Octávio de Almeida tinha várias características que a tornavam única. A começar pela formação de Octávio que contou com mestres lendários tanto no Judô como no Jiu Jitsu. Além disso, a academia de Octávio de Almeida era um local onde qualquer cidadão conseguia uma interação mais rápida e fácil. As academias de Gastão Gracie e Pedro Hemetério tinham um custo relativamente alto e as academias de Judô atraíam principalmente os japoneses pela identificação com o idioma e costumes.   
 
Lourdes Auler Coimbra, aluna de Octavio, faz demonstração de defesa pessoal feminina com o professor para matéria de revista da década de 60.
                Além de quebrar esses paradigmas, a Academia de Octávio de Almeida foi pioneira em formar turmas femininas e infantis de Jiu Jitsu.  Dotado de um carisma ímpar, Octávio aos poucos foi se especializando nas turmas infantis e seus campeonatos internos, que aconteciam inicialmente na própria academia, passaram a ser no auditório do Liceu Eduardo Prado.
                O primeiro Campeonato Paulista Infantil aconteceu em 1969 e foi transmitido em um programa do canal 7 com patrocínio do Pão Pulmann e após o sucesso inicial, acontecia anualmente.
                Os “Festivais”, como eram conhecidos os campeonatos infantis, atraíam uma quantidade de crianças que nem mesmo a Academia Gracie no Rio de Janeiro conseguira na época.  Outros destaques eram os enormes e ornamentados troféus que Octávio de Almeida mandava confeccionar para incentivar os atletas. 
 
Festivais de Octavio de Almeida: presença da sociedade paulistana.
              A preocupação pedagógica era prioridade e Octávio possuía uma incrível organização com arquivos detalhados sobre cada aluno. As fichas continham todos os dados dos alunos e também os resultados nos campeonatos, datas de graduação e informações sobre o desempenho escolar, que era condição exigida para as trocas de faixas.  As aulas para as crianças, que no primeiro momento causou certa desconfiança por parte de alguns, alcançou tamanha popularidade entre as famílias paulistanas que em determinados períodos a Academia Octávio de Almeida contava com 350 crianças matriculadas.
As realizações
                Somado ao trabalho com crianças, Mestre Octávio de Almeida formou excelentes atletas e deixou um legado que é perpetuado através de seus alunos, hoje importantes professores que atuam na capital paulista. Dentre eles podemos citar o Mestre Oswaldo Carnivalle, que em entrevistas deixa transparecer a admiração que nutre por Octávio de Almeida.
                A tradição do Jiu Jitsu de Octávio de Almeida também pode ser encontrada na academia de seu filho Octávio de Almeida Junior que cresceu na academia do pai e mantém sua equipe ativa. Além disso, Octávio de Almeida Junior tem feito um incansável trabalho como presidente da Federação Paulista de Jiu Jitsu.  Na atual sede da Federação Paulista de Jiu Jitsué possível ver diversas fotos onde Octávio de Almeida Junior homenageia seu pai. A atual equipe de Octávio de Almeida Junior também foi responsável pela formação de diversos atletas e professores que conduziram o Jiu Jitsu paulista ao alto nível atual. 
 
Torneios beneficientes: preocupação de Octavio de Almeida com o próximo.
                Outro importante aluno de Octávio de Almeida foi Moisés Muradi. Moisés além de sua carreira como atleta e professor, teve como destaque sua atuação na presidência da FESP, federação que também atua em São Paulo.  Atualmente Moisés é presidente da CBJJE e também se dedica a promover campeonatos e mantem sua equipe Lótus JiuJitsu.
                Seria impossível citar aqui todos os alunos e professores que Octávio de Almeida formou. Mais difícil ainda seria listar as pessoas que Octávio orientou e influi positivamente seja na parte esportiva ou no aspecto comportamental. O que se torna evidente é o fascínio que Octávio de Almeida exercia. Em todas as entrevistas dos professores Carnivalle, MoisésMuradi, Romeu Bertho, Candoca, Flavio Behring e outros, os comentários sobre Otávio são sempre relativos à sua retidão de caráter e importância na sua atuação para manter o Jiu Jitsu paulista vivo, mesmo estando longe da Academia Gracie.
                Outro feito de Octávio de Almeida que merece destaque foi a criação em 1965 de um Departamento de Jiu Jitsudentro da Federação Paulista de Pugilismo que era responsável por todos os esportes de combate da época. O Departamento foi um degrau importante para a oficialização do Jiu Jitsu e dentre outros serviços, emitia diplomas, formalizava regras e designava juízes para lutas.
                Além dos torneios internos da Academia Octávio de Almeida, em 1976 aconteceu o primeiro torneio paulista deJiu Jitsu. O Pacaembu que já era palco para diversos eventos de Judô, Luta Livre e Vale Tudo acolheu o primeiro campeonato de Jiu Jitsu com a participação das equipes das Academias de Octávio de Almeida, Oswaldo Carnivalle e Pedro Hemetério.
Enfrentando Waldemar Santana
                Octávio de Almeida teve como foco principal sua atuação como professor de Jiu Jitsu e educador de crianças. O que poucos sabem é que ele também enfrentou desafios e o maior deles foi contra Waldemar Santana.
                Waldemar já havia ganhado de Hélio Gracie há dois anos e desde então passou a viajar pelo Brasil lutando com os maiores nomes do Vale Tudo do Brasil. Ao passar por São Paulo, a princípio Waldemar quis enfrentar Pedro Hemetério, mas a luta acabou não acontecendo. Foi então que Octávio de Almeida aceitou o desafio.
 
                A luta aconteceu em 05 de Junho de 1957 no Ginásio do Pacaembu em São Paulo e foi dentro das regras do JiuJitsu de kimono. O resultado da luta foi a vitória de Waldemar devido a desistência de Octávio de Almeida aos quatro minutos do primeiro round.
                Segundo as declarações dadas por Octávio de Almeida à diversos jornais da época, Waldemar usou vários golpes proibidos como dedo nos olhos e joelhadas, mesmo sob o protesto de Octávio. Como o juiz não intercedeu, Octávio optou por desistir da luta. Apesar do pedido de Octávio para uma revanche, Valdemar impôs uma bolsa altíssima que inviabilizou a nova luta.
A partida do mestre
                Em 17 de Janeiro de 1983, aos 64 anos, Octávio de Almeida sofre um enfarto e falece precocemente deixando uma legião de alunos e admiradores. Sua liderança jamais conseguiria ser substituída, mas com certeza o caminho que o JiuJitsu paulista iria galgar, graças a sua obra, com certeza seria hoje motivo de orgulho para o Mestre. 
 
Octávio de Almeida (1º à esquerda) com alunos na década de 60.
                 Apesar da atuação de Octávio de Almeida deixar uma lacuna insubstituível, seu filho Octávio de Almeida Junior e outros professores como Oswaldo Carnivalle,Moisés Muradi e Roberto Lage fizeram um trabalho importante até a chegada de Flavio Behring no começo dos anos 90 para dar um novo impulso ao Jiu Jitsu de São Paulo.

                A partir da década de 90, a regularidade de campeonatos aumenta dando amplitude e reconhecimento ao pioneiro trabalho iniciado por essa grande liderança do Jiu Jitsu paulista que foi Octávio de Almeida.

Fonte: http://www.brasilcombate.com.br/

Sobre a loja

Equipe tradicional de Jiu-Jitsu atuando a mais de 60 anos nesse ramo. Hoje conta com mais de 10 filiais em todo o estado de São Paulo. Consulte-nos para saber onde você pode encontrar uma equipe que perpetua o trabalho sério iniciado pelo Gran Mestre Octávio de Almeida.

Pague com
  • Pagali
Selos

Frederico de Almeida - CPF: 370.148.318-36 © Todos os direitos reservados. 2024


Para continuar, informe seu e-mail